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A arte de perder não é nenhum mistério
tantas coisas contém em si o acidente
de perdê-las, que perder não é nada sério.
Perca um pouco a cada dia. Aceite austero,
a chave perdida, a hora gasta bestamente.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Depois perca mais rápido, com mais critério:
lugares, nomes, a escala subseqüente
da viagem não feita. Nada disso é sério.
Perdi o relógio de mamãe. Ah! E nem quero
lembrar a perda de três casas excelentes.
A arte de perder não é nenhum mistério.
Perdi duas cidades lindas. Um império
que era meu, dois rios, e mais um continente.
Tenho saudade deles. Mas não é nada sério.
Mesmo perder você ( a voz, o ar etéreo, que eu amo)
não muda nada. Pois é evidente
que a arte de perder não chega a ser um mistério
por muito que pareça (escreve) muito sério.
(Elizabeth Bishop; tradução de Paulo Henriques Brito)
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Citado em Vida Simples - Edição 98 Novembro 2010
Reportagem de Capa: À sombra da perda
Texto: Liane Alves
Na introdução da reportagem de capa, nos é contada uma história que um antigo ritual africano consistia em mergulhar uma tigela num recipiente amargo, e essa cuia era passada de mão em mão até que todos os componentes da tribo bebessem um gole e passassem adiante.
Significa que o sofrimento não é eterno. Beba sua parte e siga em frente.
Sobre o filme... aperfeiçoei a técnica e sei fazer em bem menos tempo... psicologia ao contrário.Nunca falha.